sábado, 5 de maio de 2012

Vigilante, o gladiador da paz

Líder do PT/PRB, deputado diz que o governo Agnelo não é fraco, fala sobre a CPI da Arapongagem e o uso político da comissão. Ele fala, ainda, que ao final do governo o povo irá tirar as suas próprias conclusões. O distrital também explica sua fama de briguento

Tamanho da Fonte     Na política há mais de 20 anos, o deputado Chico Vigilante (PT), líder do bloco PT/PRB na Câmara Legislativa, faz uma reflexão sobre o atual momento que o governador Agnelo Queiroz vive. Em entrevista ao Jornal da Comunidade, ele afirma que a pressão era esperada, reforça o apoio da base e garante que luta pelo bem de Brasília, como o PT.

Apontado muitas vezes por ter uma personalidade mais forte, Chico Vigilante diz que briga para não ter briga. Alega que o Governo do Distrito Federal (GDF) não é fraco, ainda que seja inexperiente e que o momento difícil vivido atualmente é normal. Nesta conversa, Chico fala sobre o apoio a Agnelo, sobre a ineficiência da CPI da Arapongagem, que deveria ser caso de polícia e não briga entre partidos, e que ao final do governo a população agradecerá.

O senhor teve uma discussão com o deputado Raad Massouh sobre a emenda substitutiva do Projeto de Lei que permite postos de combustíveis em supermercados...
Não brigamos.
 Eu só estava acalorado, mas ninguém precisou nos apartar. Os dez deputados que votaram essa emenda estão comprometidos com o cartel. Vou recorrer à Justiça, caso a votação da emenda não seja anulada. Tenho certeza que vou derrubar. A Lei Orgânica é clara. Se para aprovar precisa de 13 votos, a proposta que modifica não pode ser aceita só com 10 votos. Querem enganar quem?

Comentou-se que por ter este temperamento difícil, o senhor talvez fosse indicado pelo PT para a CPI da Arapongagem. É verdade?
Quem vai ficar na CPI sou eu. E o deputado Wasny de Roure (PT) será o suplente. Eu não queria não, mas temos de ir.

O senhor acha que a CPI é um mecanismo ideal para combater a arapongagem no DF?
Eu tenho sustentado aqui na Câmara Legislativa de que essa CPI não tem instrumentos, nao tem meio e não terá mecanismos.
Nenhum araponga vai chegar aqui e dizer que grampeou ninguém. Sabemos que a arapongagem não deixa resíduos, não deixa rastros. Acabei de tomar café com o governador Agnelo Queiroz (a entrevista foi feita na tarde de quinta-feira, 3) e sugiri que se constitua um núcleo especial de delegados da Polícia Civil, com a missão de investigar o crime organizado no DF, inclusive a arapongagem.

Mas podem falar que a polícia também é do governo...
Não existe polícia de governo, a polícia é do Estado. O governo passa, a polícia fica. Portanto, a polícia tem que se comportar como deve e essa investigação tem de ser feita por agentes e delegados capacitados para essa investigação. Vamos acabar com esse crime aqui. Infelizmente, essa CPI serve para a luta política contra o GDF, da parte de algumas pessoas que não têm propostas para a sociedade, bem mais do que para executar essa investigação como deveria ser feita.

Como o senhor vê essas pessoas que atacam o governo?
Na verdade, o que aconteceu com o DF, mais do que em qualquer outra unidade da Federação, é que o crime organizado penetrou em todas as instituições, em governos passados. Entrou no Ministério Público e no Executivo.
E esse crime não vai ficar quieto, porque surgiu um governo que não é a favor dele. Todas essas denúncias contra o Agnelo Queiroz têm sido desmontadas, uma por uma. Inclusive, quando os vídeos oficiais feitos pela Polícia Federal mostram a prova de que eles queriam subjulgar nosso governo, e que o Dadá (araponga Idalberto Matias) fala que vai segurar os dossiês, comprova-se que o governador tem uma base de sustentação aqui na CLDF. Eles não triunfarão.

O senhor ajudou a articular a aliança de Agnelo Queiroz, pelo PT, com Tadeu Filippelli, do PMDB, para a eleição de 2010. Se sente obrigado a defendê-lo?
Enquanto presidente do PT na época, conseguimos fazer essa aliança, que era difícil, mas tentam dividir e separar o Agnelo do Filippelli, para desestabilizar o governo. Mas, o vice tem se comportado de maneira exemplar.
 Iniciamos essa aliança há mais de quatro anos e sabíamos que para enfrentar o crime organizado no DF, ela seria necessária. Digo que é uma situação parecida com o Acre, quando Jorge Vianna ganhou a eleição e trouxe todo mundo que não estava metido no crime. Falávamos de um estado que serrava gente viva, onde o narcotrafico mandava.
Aqui não é diferente do Acre e, por isso, tenho orgulho dessa aliança que construí, e tenho responsabilidade com a cidade. Não defendo causas do Vigilante, senão de Brasília. Sinto que faremos a redenção da cidade.
 Vou de peito aberto, defendo com todo afinco a permanência desse governo. Tenho certeza de que ao final dos quatro anos a população verá a diferença de um governo que não tem envolvimento com o crime.
O crime capturou o governo Roriz, Durval Barbosa e todos os seus tentáculos. Capturou o (ex-governador) Arruda, mas não vão capturar o Agnelo.

O governo estava preparado para esse enfrentamento?
Eu sabia que ia ser difícil, porque estávamos enfrentando efetivamente o crime organizado. Só não sabia que eles iriam tramar de maneira tão sórdida. Eu esperava que eles viessem discutir no campo político, com propostas melhores que as nossas.
 Quando eu vi eles atacarem a própria família do Agnelo, fui apoiá-lo. Eu sei o quanto isso mexe emocionalmente com as pessoas.
 Eu disse a ele: ‘Agnelo, nesse caso, se fosse eu, eu daria um soco no cara, mas como somos políticos, vamos reagir institucionalmente. Você tem um soldado ao seu lado’. Tentaram criar amante para o governador, envolver os filhos dele em práticas ilegais, assim como fizeram no governo do senador Cristóvam Buarque.
 Este mesmo grupo falou que suas filhas estavam metidas com drogas. Com certeza ele se lembra disso e, por isso, eu particularmente, não perdoo o que ele está fazendo com o Agnelo, pois ele viveu essa situação. Ele sabe o que ronda Brasília e deveria ser leal ao governador, defender a nossa causa. Eu sabia que ia ser difícil, só não sabia que ia ser tanto.
Mas cada ataque revigora a gente, para reagirmos da maneira como entendemos que será bom para o DF e para Brasília.

Como o senhor descreveria essa causa?
Em toda a historia, é a primeira vez que alguém encarou o desafio para licitar o transporte público, o cartel dos medicamentos, onde 40% do medicamento comprado não entrava na rede. Estamos recuperando a CEB.
Com dificuldades? Sim, e até falta de experiência. Mas existe vontade e um timoneiro, que é o Agnelo. Quero frisar que estes grupos não podem confundir urbanidade e educação com fraqueza. O Agnelo não é um fraco.
É melhor tirarem o ‘cavalinho da chuva’ porque ele só sairá dessa rota traçada para recuperar Brasília se ele for abatido fisicamente.

Além do senhor, tem mais soldados ao lado do governador?
Têm muitos. Temos apoio do PT Nacional, ao lado do presidente Rui Falcão. Temos o apoio do partido local, além de outros partidos. Não tenho dúvida de que a maioria da sociedade, ao compreender esse combate, irá defender o que estamos fazendo. Defender o governo hoje não é defender o político, senão o futuro de nossa cidade. Precisamos fazer com que Brasília se livre dessas amarras do crime organizado.

E qual é a força da oposição?
Não tem ninguém que esteja na oposição hoje que já foi governo. Seja da direita ou da esquerda. Todos não têm mensagem nova para sociedade, ficam no bate-boca, no disse-me-disse. Tem uma frase que gosto muito: ‘Enquanto os cães ladram, a caravana passa’.

O senhor tem tido embates duros com a deputada Celina Leão (PSD)...
Ela é um instrumento desses que querem desestabilizar o governo. Não vai conseguir. E, nessa história, existem alguns dados importantes: ela pertence ao PSD, que não faz oposição ao Agnelo. O próprio Kassab (Gilberto, presidente do PSD nacional) já disse ao Agnelo.
 E, o presidente do partido aqui no DF, o Rogério Rosso, que conhece essa situa­ção e me disse: ‘Chico, não estou interessado em fazer oposição. Quero que o Agnelo dê certo, quero debater grandes ideias projetos para o DF’. Nem o partido dá sustentação para ela ter essa prática.

Qual a sua expectativa para a CPI da Arapongagem?
Essa CPI não tem sustentação para descobrir crime e não pode servir como pressão ao governador Agnelo. Temos a CPMI no Congresso (comissão mista), que conta com a Polícia Federal.
Ao criar esse grupo especial da investigação que proponho, essa CPI perde o sentido de sua existência. Não pode ser uma luta de ‘picuinhas’ dentro da CLDF e nem instrumento de chantagem ao GDF.

O PT orientou os deputados a não assinarem essa CPI?
O PT determinou que não assinassem, sabendo da tentativa de paralisar o governo Agnelo. Houve um problema com o deputado Patrício, que foi  superado.

O deputado Aylton Gomes (PR), retirou o apoio à CPI...
A maioria não quer essa comissão.
Não temos medo. Somos de um partido forjado à luta.
E, quem for podre, que saia. Para aqueles que disseram que a Dilma tinha abandonado o Agnelo, ela provou o contrário, e liberou R$ 2,2 bilhões para o PAC. Todos os dias o governador tem contato com o Gilberto Carvalho, secretário geral da Presidência da República. Vieram duas pessoas do governo federal para o DF, (o ex-ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto e o adjunto, Swedenberger Barbosa).
É uma prova clara de que querem ajudar Brasília.
O Lula (ex-presidente) também. Todos estão imbuídos com um único objetivo: fazer com que o governo Agnelo sobressaia.
Redação Jornal da Comunidade

0 comentários:

Postar um comentário