domingo, 22 de janeiro de 2012

Entre o meme e a notícia


09:04:05
Foto: Felipe L. Gonçalves/Edição/247
Internet repercute reação do jornalista Carlos Nascimento à popularidade do comercial sobre "Luíza do Canadá"; "Ou os problemas brasileiros estão todos resolvidos ou nos tornamos perfeitos idiotas", disse o âncora do SBT; afinal, quando vídeos e mensagens virais - os memes - viram notícia?
 
O editorial do jornalista Carlos Nascimento, âncora do Jornal do SBT, é o segundo vídeo brasileiro mais “viralizante” deste início de 2012. A crítica dele, exibida na madrugada desta sexta-feira, 20, foi justamente uma resposta ao viral número 1 de 2012 – o comercial da “Luíza do Canadá”. “Luíza já voltou do Canadá, e nós já fomos mais inteligentes”, cravou o apresentador, repreendendo principalmente a imprensa pelo destaque dado à web celebridade, na boca e na tela de milhões de internautas. ...

Nascimento também criticou a atenção dada a outro tema “fútil” – o estupro que não é estupro, por ter sido “negado pelos protagonistas”. O episódio envolvendo cena controversa de Daniel e Monique sob o edredom foi amplamente noticiado, com direito a diversas análises aqui no 247. É importante ressaltar que, como no caso Luíza, o buzz do BBB 12 também começou nas redes. Viraram Trending Topics no Twitter as suspeitas de estupro, as opiniões de jornalistas e feministas, a ação da polícia ao Projac e as sucessivas tentativas de maquiagem da TV Globo.

Sem dúvida, a reação de Nascimento é válida. Memes como o de Luíza extrapolam para o offline, viram discussão em mesa de bar e até melô musical. Sufocam os impacientes e até os pacientes. Entretanto, o desabafo do jornalista do SBT revela muito sobre a mudança por que passa o jornalismo na era digital.

Ao longo do século 20, notícia era considerada um produto árido. Jornal é coisa séria. Tinha espaços e períodos do dia específico para se informar. No café da manhã, com as editorias favoritas do jornal. No carro, na rádio, de manhã cedo. Na sala, à noite, assistindo TV. Hoje, as informações pulam na sua tela – no computador, celular, note, tablet – o tempo inteiro. Vêm do Google, das redes sociais, do chat.

Notícias imiscuem-se com fofocas, conversas com amigos, novidades de fulano anônimo, de sicrano famoso. Antes, as pessoas eram famosas por 15 minutos. Hoje, são famosas para seus 15 seguidores – conforme jargão acadêmico na área de mídias digitais. Nesse cenário multiconcentrado de assuntos relevantes, frufrus insignificantes, bastidores de política, bastidores de celebridades, o que é notícia?

Notícia é informação, uma commodity por excelência. Presta-se ao interesse público, aos tais “problemas brasileiros” a que Nascimento se referiu. Mas pode também ser uma resposta ao interesse DO público. Então, se os internautas estão falando, se os tuiteiros estão levando para os TTs, se os vlogueiros estão compartilhando, aquele tema é de interesse deles, do público. Memes tornam-se, assim, notícia.

Muitas vezes, os virais são bobagem? Sim, são. Mas não surpreende o Jornal Hoje repercutir com toda a baladação a Luíza do Canadá. Faz anos que o telejornal, antes apresentado por Carlos Nascimento, dá destaque a receitas de bolo, baladas de jovens, dicas de moda. Assim como boa parte dos veículos de comunicação, o JH abre espaço para debater os “problemas brasileiros”, questões de política e economia, e coisas mais leves também.

Em um mundo cibernético povoado por públicos digitais, vídeos, fotos e papos que agradam – ou não – têm, sim, potencial de notícia. Talvez o excesso de atenção dado a esses memes (inclusive aqui no 247) possa ser revisto. Mas a pergunta é: não é isso que as pessoas querem ler ou assistir?

Hein, Nascimento?
 
Por Diego Iraheta

Famílias comemoram moradia definitiva

GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL
Secretaria de Estado de Comunicação


Famílias comemoram moradia definitiva

Removidas de área de risco da Vila Rabelo II para a Vila Buritizinho, as famílias receberão documento que permite alvará de construção e instalação de infraestrutura. Processo de transferência pacífica pelo GDF começou há um ano

Brasília, 21 de janeiro de 2011 – O Governo do Distrito Federal, por meio da Secretaria de Habitação, Regularização e Desenvolvimento Urbano (Sedhab) e da Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (Codhab), entregou neste sábado (21) termos de concessão de uso (TCU) às 158 famílias removidas da Vila Rabelo II para a Vila Buritizinho, em Sobradinho II. A entrega do documento faz parte do processo de remoção pacífica das pessoas que viviam há mais de 10 anos em áreas de risco de desmoronamento, iniciada há um ano pelo governo Agnelo Queiroz.

“Uma das minhas primeiras preocupações ao assumir o governo foi resolver a grave situação daquelas famílias que se encontravam na Vila Rabelo II. Conseguimos realizar a transferência da maior parte de forma pacífica e cumprimos o compromisso firmado de entregar os termos de concessão de uso no local onde agora estão instaladas. Elas não correm mais o risco a que estavam expostas. Foi um trabalho preventivo para evitarmos, com a volta do período das chuvas nestes meses, uma tragédia”, afirma o governador Agnelo Queiroz.

Esses moradores são os primeiros a serem contemplados com o termo de concessão de uso. Além das 158 famílias removidas da Vila Rabelo II, também receberão o termo 25 famílias com pessoas com algum tipo de deficiência que já moram na Vila Buritizinho. Ao todo, serão entregues 183 termos. Com o documento, elas poderão solicitar o alvará de construção junto à Administração Regional, além da instalação de água e luz. Assim que o processo de regularização do Setor Habitacional Buritis for concluído, o termo será substituído pela escritura.

Todas as famílias que receberam os termos foram cadastradas e habilitadas e se encontram em conformidade com a política habitacional do Distrito Federal. De acordo com o secretário de Habitação do DF, Geraldo Magela, o governo desenvolverá um projeto para que essas pessoas construam suas casas por módulos, começando com dois quartos. “Daremos assistência técnica para os moradores construírem”, adianta Geraldo Magela.

Comemoração – Para as 183 famílias que agora poderão construir em caráter definitivo na Vila Buritizinho, este sábado é um dia de comemorações. A líder comunitária Sueli Santos, que falou em nome dos moradores, destacou que “há mais de 20 anos essa é uma luta do povo. Só agora o governo abraçou a causa e ficou do lado da população”.

A diarista Maria Luiza Leão concordou com a líder comunitária e revelou estar ansiosa. “Esse papel representa tudo. É a segurança do nosso lar”, comemorou. Maria Luiza mora desde 1992 no Distrito Federal – os últimos 10 anos na Vila Rabelo II, de onde saiu em março do ano passado para a Vila Buritizinho – e nunca teve nada em seu nome. Agora, já planeja a construção de uma casa “bem bonita”, onde irá morar com o marido e quatro filhos.

Até o começo da transferência das famílias da Vila Rabelo II para lá, a Vila Buritizinho era ocupada irregularmente. Com a regularidade, em fevereiro de 2011, chegou também a infraestrutura. “Já temos água e luz, e agora estão terminando a ligação da rede telefônica”, informa Sueli Santos.

A líder comunitária considera importante ações do governo como a entrega dos TCU. “É um documento que nos dá dignidade, porque deixamos de ser favelados, invasores e passamos a ser proprietários da nossa terra, da nossa casa”, declara, emocionada.

Ações – O GDF tem realizado uma série de ações para garantir qualidade de vida aos habitantes do DF. Para proporcionar condições de moradia adequada à população de baixa renda, políticas públicas e projetos estão sendo executados desde o início da gestão do governador Agnelo Queiroz em diversas regiões do Distrito Federal.

Em janeiro de 2011, Agnelo Queiroz, determinou esforço concentrado do GDF para garantir a segurança das 153 famílias que moram na área de alto risco da Vila Rabelo II, em Sobradinho II. A orientação era que a solução fosse encontrada em acordo com os moradores. O iminente risco de acidente fez com que o governo buscasse uma ação emergencial.

Em decisão conjunta, ficou definido que a primeira fase de transferência começaria em fevereiro do ano passado. As 49 famílias na área considerada pela Defesa Civil a mais insegura do DF tiveram prioridade na transferência. Todas foram levadas para Sobradinho II, local seguro e próximo. Os objetivos foram acomodar definitivamente os moradores, evitar que a chuva causasse tragédia como deslizamentos e, ao mesmo tempo, alterar o mínimo possível a rotina das pessoas.

A comunidade teve à sua disposição caminhões da Novacap para levar móveis, objetos pessoais e materiais de construção. A Defesa Civil e a Agência de Fiscalização (Agefis) doaram materiais de construção como madeira e telhas. Os moradores tiveram direito ao auxílio social de R$ 408.

A remoção foi resultado da força-tarefa da Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis), da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedest), da Companhia de Desenvolvimento Habitacional (Codhab) e das Secretarias de Governo (Segov) e de Ordem Pública e Social (Seops).

O programa Minha Casa, Minha Vida 2, que promete entregar 2 milhões de casas até 2014

Residencial do Minha Casa, Minha Vida em Valparaíso (GO): orçamento do programa aumentou 391% desde 2009 (Kleber Lima/CB/D.A Press - 15/2/11)
Residencial do Minha Casa, Minha Vida em Valparaíso (GO): orçamento do programa aumentou 391% desde 2009


O programa Minha Casa, Minha Vida 2, que promete entregar 2 milhões de casas até 2014, começa a transformar-se no principal projeto da presidente Dilma Rousseff. Amanhã, durante a reunião ministerial para discutir as ações do governo em 2012, a presidente avisará que pretende priorizar a construção de unidades habitacionais para a faixa de renda de até R$ 1,6 mil, que abrange 60% da meta estipulada (1,2 milhão de unidades) até o fim do mandato. Com a percepção de que o Bolsa Família e o Brasil sem Miséria já estão consolidados perante o eleitorado, o Planalto quer transformar o Minha Casa, Minha Vida no grande capital político para as eleições de 2014.

Interlocutores da presidente Dilma Rousseff apressam-se em afirmar que o Executivo não está relegando a luta para tirar da miséria absoluta os 16 milhões de brasileiros que ainda sobrevivem com até R$ 70 mensais. Mas admitem que a presidente inicia uma nova fase na qual os benefícios para atender aos mais carentes não se resumem à entrega de um cartão com recursos que garantam a sobrevivência mensal: é fundamental garantir uma habitação confortável para viver com dignidade.


A opção por privilegiar a faixa de renda familiar de até R$ 1,6 mil também tem explicação. É nela que os subsídios do governo são integrais. A partir desse nível, as famílias têm mais condições de obter financiamentos perante as instituições bancárias. Na faixa 3, por exemplo, de R$ 3,1 mil a R$ 5 mil, a presença do governo nas negociações é quase residual.

O governo promoveu algumas mudanças administrativas para tornar o processo mais ágil. Esvaziou, por exemplo, a participação do Ministério das Cidades, considerado pela presidente Dilma Rousseff, neste primeiro ano, ineficiente do ponto de vista de execução de programas. A concentração das ações está mais diretamente ligada à Caixa Econômica Federal, que firma os contratos com os futuros proprietários. “Nós temos um papel mais operacional, estamos na ponta. Mas isso não significa que sejamos mais importantes do que outros atores envolvidos no processo”, esquivou-se o vice-presidente de Governo da Caixa Econômica Federal, José Urbano Duarte.

Dilma também tem com o Minha Casa, Minha Vida o mesmo cuidado que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinha em relação ao Bolsa Família. Lula costumava visitar os beneficiários do programa, perguntar como eles estavam, quais as carências e quais as necessidades de mudanças. Com seu olhar de gestora, Dilma visita as obras e questiona engenheiros e arquitetos envolvidos nos projetos. “Essa porta está no lugar certo? E essa janela? Vocês acham que um cômodo deste tamanho oferece algum nível de dignidade?”, pressiona ela, segundo relato de pessoas que já acompanharam as vistorias.

Urbano acredita que o incremento dado pelo governo Dilma — o projeto permaneceu praticamente estagnado nos dois últimos anos de governo Lula — também tem ligação com o aperfeiçoamento das instituições. A Caixa Econômica Federal, por exemplo, preparou-se para as exigências da presidente: contratou 1,5 mil arquitetos e engenheiros para acelerar as obras — 226 deles começarão os treinamentos a partir desta segunda-feira. E abriu novas unidades operacionais em pontos distantes, como Marabá (PA), Barreiras (BA) e Montes Claros (MG), para que as demandas sobre o projeto possam ser resolvidas com mais agilidade.

1,2 milhão
Total de unidades destinadas à famílias com renda de até R$ 1,6 mil previstas para serem entregues até 2014 Paulo de Tarso Lyra - Correio Braziliense
Publicação: 22/01/2012 08:00 Atualização: