quinta-feira, 3 de maio de 2012

Jogo sujo da Delta tenta jogar Agnelo Queiroz no lixo do bicho

Quando o bicho é enjaulado, a tendência é morrer por lá mesmo

Quando o bicho é enjaulado, a tendência é morrer por lá mesmoHá 10 dias, quando postou uma nota na coluna Periscópio dizendo que a Delta Engenharia chegou a Brasília pensando em garimpar ouro mas que sequer conseguia retirar  lixo das ruas, Notibras tinha tido acesso a dados preliminares de um relatório confidencial que acaba de ser compilado.
 O texto é conclusivo: a empresa ligada ao contraventor Carlinhos Cachoeira usou de diferentes artifícios para retaliar o governo de Agnelo Queiroz, tentando desestabilizá-lo e provocar sua renúncia.
A empresa jogou pesado. Afinal, desembarcou na capital da República por meio a uma concorrência supostamente fraudulenta. Cotou preços realizáveis a curtíssimo prazo na esperança de ter a tabela reajustada em seguida. Mas Agnelo, que também recebeu na questão do lixo mais uma herança maldita, como se convencionou chamar o espólio dos governos Roriz, Arruda e Rosso, não cedeu às pressões e exigiu um jogo limpo.
Uma auditoria realizada nos serviços prestados pela Delta mostra que a partida ficou atolada num lamaçal. A partir daí, sem ter como tomar posse da chave do cofre, a empresa passou a direcionar todas as suas baterias contra o Palácio do Buriti.
 O alvo era Agnelo Queiroz. A missão, matá-lo politicamente. Essa ao menos é a conclusão do relatório. Em suas quase 100 páginas o que se lê é que o Governo do Distrito Federal conseguiu transformar em vantajoso o contrato com uma empresa que não mede esforços no sentido alcançar seus objetivos espúrios.
A presença da Delta Engenharia em Brasília foi levantada por determinação expressa de Agnelo.
 Concluído o levantamento feito pela Diretoria de Auditoria das Áreas de Governo e Infraestrutura da Secretaria de Transparência, o secretário Carlos Higino encaminhou os resultados ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas do Distrito Federal.
Agora cabe àqueles dois órgãos de fiscalização a adoção das medidas punitivas.
Com uma ampla rede de espiões infiltrados na administração pública, a Delta recebeu, por meios escusos, uma cópia da auditoria que extirpava todas as suas mazelas.
Ao manusear os papéis, Carlinhos Cachoeira virou uma fera, confidenciam seus interlocutores. E decidiu que era hora de agir. Afinal, estava em jogo ao longo de quatro anos o faturamento de mais de 1 bilhão de reais. A estratégia era apresentar à opinião pública a imagem de uma empresa apadrinhada por Agnelo, que mesmo antes de assumir o Palácio do Buriti estava pedindo ao então governador Rogério Rosso a prorrogação emergencial do contrato com a Delta.
Passados os três primeiros meses de Agnelo no Palácio do Buriti, a Delta mandou emissários ao governador, reclamando de uma auditoria na varrição e coleta de lixo.
Agnelo relevou as pressões. E mandou que a Secretaria de Transparência se aprofundasse de forma isenta nas investigações.
 Enquanto isso o grupo de Cachoeira via cair a cada mês o valor das faturas. A varrição, por exemplo, chegou a passar de R$ 8 milhões para apenas um milhão de reais.
A auditoria registrou inúmeros problemas. Não havia planos de coleta a varrição, os horários não eram cumpridos, a varrição mecanizada não foi implantada, os pagamentos eram feitos indevidamente, as medições eram erradas, pagava-se por serviços não realizados, a fiscalização não era qualificada, os processos eram informais e não se pesava o lixo recolhido ao aterro sanitário. Media-se no olhômetro. E pagava-se lixo a peso de ouro, sempre com prejuízo aos cofres públicos.
Paralelamente ao envio da auditoria ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas, o SLU adotou providências imediatas para coibir os abusos. Abriu sindicância sobre os fiscais do contrato, exigiu um plano de coleta, ajuste na medição e rigor na fiscalização. Com isso, os preços pagos pelo governo despencaram, a ponto de a coleta do lixo ficar 40% mais barata que a média das grandes cidades brasileiras, e a varrição, outros 10 por cento abaixo da média.
Sem fôlego, e vendo a mina de ouro que esperava explorar em Brasília afundar na areia movediça, Carlinhos Cachoeira renovou os ataques. 
A Delta e o grupo do contraventor goiano posaram de vítimas. E se fizeram verdugo de Agnelo. Antes imparcial, a mídia tomou partido.
O cenário foi pintado por redações prós e contras o governador. O volume de denúncias recrudesceu. Matérias foram requentadas, criou-se clima de supostos impeachment e prisão. Aliado de Cachoeira e se fazendo passar por algoz do governador, o senador Demóstenes Torres foi desmascarado. E mais alguns dias, verá proposta no Conselho de Ética a cassação do seu mandato.
A Delta entrou no Distrito Federal por força de decisão judicial antes da posse de Agnelo. Reinou como se tivesse um olho em terra de cego, mas foi flagrada na contravenção com a auditoria realizada pelo Serviço de Limpeza Urbana.  
O pagamento dos vultosos recursos públicos não corresponde às necessidades e expectativas da sociedade (...) É fruto de má gestão, resume o relatório.
Se o lodo afunda no mar e gera pérolas finas, os poetas que o digam. Mas de Carlinhos Cachoeira, sabe-se que é um contraventor, não alquimista.
E como ele não conseguiu transformar o lixo de Brasília em pepitas de ouro, o bicho começou a pegar. Algo do tipo se tem o dia do caçador, também tem o da caça.
 Publicado em 3 de Maio de 2012 por José Seabra

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