quinta-feira, 12 de abril de 2012

Por que Demóstenes quis derrubar Agnelo?

Por que Demóstenes quis derrubar Agnelo?

Por que Demóstenes quis derrubar Agnelo? Foto: Divulgação

Senador que jogava de mão com o contraventor Carlinhos Cachoeira foi a voz mais forte a pedir, em novembro, impeachment do governador do Distrito Federal; gesto indica que interesses do seu grupo não eram atendidos

12 de Abril de 2012 às 18:33
Marco Damiani _247 – O governador Agnelo Queiroz está convencido de que, ao contrário da maioria das interpretações na mídia, os grampos vazados até aqui inocentam, em lugar de incriminar, seu governo em relação a ligações com o esquema do contraventor Carlinhos Cachoeira e frente a pressões da Delta Engenharia.
Com efeito, diálogos telefônicos interceptados pela Operação Monte Carlo divulgados na edição desta quinta-feira 12 pelo jornal Folha de S. Paulo indicam que os pagamentos do GDF para serviços prestados pela Delta na coleta de lixo estavam em atraso em abril de 2011, apenas quatro meses após o início da atual gestão. Como se sabe, para que esquemas de superfaturamento em troca de propinas funcionem, primeiro a fonte pagadora cumpre sua parte para, mais tarde, os operadores receberem suas fatias no trato.
De abril de 2011 é o diálogo entre o ex-araponga Idalberto Araújo, preso pela Operação Monte Carlo, com o assessor do GDF Marcelo Lopes, exonerado do governo no mês passado. Dadá diz a Lopes que, sem recebimentos, a Delta “não vai dar um real para ninguém”. O então diretor da Delta na região Centro-Oeste, Cláudio Abreu, demitido da companhia no início deste ano, também foi interceptado fazendo reclamações sobre a falta de pagamentos regulares pelo GDF. "Não dá mais, rapaz, estamos sem receber, não cai dinheiro", disse ele a Dadá. "Pode falar que o governador mandou me chamar. Eu vou ter que falar diretamente com o governador, cara", completou Abreu, ao que parece orientando Dadá a voltar ao assessor Lopes. "Tranquilo, vou falar direitinho".
O contrato entre o GDF e a Delta para a coleta do lixo na capital federal foi assinado em dezembro de 2010, antes da posse de Agnelo. Nos diálogos revelados até aqui, a certeza que se pode extrair é a de que os pagamentos regulares estavam em atraso. Ao mesmo tempo, não há, por enquanto, sinal de que algum tipo de propina tenha sido paga ou recebida. O ex-chefe de gabinete do GDF, Cláudio Monteiro, anunciou que vai pedir a quebra de seus próprios sigilos bancário, telefônico e fiscal para atestar que, ao contrário do que foi insinuado em outro grampo, no qual ele não é um dos interlocutores, teria a promessa, feita a terceiros, de receber uma entrada, digamos, de R$ 20 mil e parcelas de R$ 5 mil. Ele seria, no grampo, identificado como “o cara”. Não há referência direta a seu nome.
Entre os parlamentares que apoiam o governador, lembrou-se nesta quinta que o principal articulador de interesses do contraventor Cachoeira foi também o político mais atuante, no final do ano passado, pelo impeachment de Agnelo: senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). “O homem que se revelou o mais próximo de Cachoeira foi o mesmo que mais pediu pela queda de Agnelo”, registrou o deputado federal Roberto Policarpo, presidente do PT do Distrito Federal. “Ele fez isso certamente a mando de Cachoeira, justamente porque não existia nenhum esquema de favorecimento a eles aqui no DF”, concluiu.

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