domingo, 11 de março de 2012

Deputado Rubens Otoni: “Desde 2004 fui vítima dessa ameaça, agora chegou no final”

Entrevista


Deputado federal Rubens Otoni (PT)
Déborah Gouthier
Operação Monte Carlo, deflagrada no último dia 29 de fevereiro, prometeu envolver o nome de diversos empresários e políticos goianos, envolvidos – direta ou indiretamente – com o empresário Carlos Cachoeira, apontado como líder do esquema dos jogos caça-níqueis.

O senador Demóstenes Torres (DEM) foi o primeiro a ser apontado como amigo de Cachoeira, mas saiu ileso, após declarar publicamente no Senado que mantinha apenas relações de amizade com o empresário e chegou, inclusive, a solicitar uma investigação que comprovasse sua lisura. A serenidade do senador e as dezenas de discursos de apoio por parte dos seus colegas impressionaram. O envolvido da vez é o deputado federal Rubens Otoni (PT). Foi divulgado na imprensa nesta sexta-feira, 9,um vídeo em que ele negociava uma quantia de R$ 100 mil com Cachoeira, supostamente para serem destinados ao financiamento de sua campanha à Prefeitura de Anápolis. O Jornal Opçãoconversou com o deputado, que, sem receios, alegou: foi mais uma vítima de Carlos Cachoeira. Confira:
O que o senhor tem a dizer sobre o vídeo divulgado hoje, que mostra uma negociação com Carlos Cachoeira?
Primeiro, preciso esclarecer uma tentativa de misturar coisas diferentes. Uma é a investigação da Monte Carlo. Outra é esse episódio do vídeo, que não tem nada a ver, até porque ele é de oito anos atrás. Era uma situação diferente, um contexto diferente em 2004. Fui levado a ele por empresários e lideranças políticas de Anápolis, imagino que de boa fé, para que ele me ajudasse. Até então, ele não tinha nenhum problema, era dono de uma empresa farmacêutica, a Vitapan. Informaram que a empresa estava sendo prejudicada, não estava conseguindo acessar financiamentos, enfim, e fui lá para ajudar. Tentamos ajudar, porque era uma empresa de Anápolis, mas não conseguimos.
Por que a Vitapan estava tendo esses problemas? Qual tipo de ajuda o senhor poderia dar?
Financiamentos que ele buscava e o banco não liberou, e nós não alcançamos o objetivo. Então, passei a ser o inimigo número 1 dele. Ele achou que não deu certo por falta de interesse meu e começou a me perseguir. De boa fé, fiz conversas com ele, mas não achei que nada daquilo pudesse ser usado contra mim. Ele fez essas gravações, montou tudo. Para você ter uma ideia, esse vídeo já foi apresentado em 2004, 2006, 2008 e 2010. Em todas as eleições foi mostrado para várias pessoas para me prejudicar.
E qual está sendo o resultado disso? Dessa exposição pública das imagens?
Para mim está sendo até bom, porque resolve de vez esse problema. Agora que ficou público não tem mais como ser usado como ameaça. Estou aliviado com essa situação. Apesar das repercussões, estou com a consciência tranquila e livre.
O senhor diz que ele passou a te perseguir. Como ele teria feito isso?
Nas campanhas eleitorais, com panfletos anônimos, denúncias em jornais, esse vídeo sendo mostrado para muita gente. Ele usava de todas as formas pra me prejudicar. Desde 2004 fui vítima dessa ameaça, agora chegou no final.
O vídeo cita um valor em dinheiro, R$ 100 mil que estariam sendo negociados.
Esse diálogo foi armado para me prejudicar. Eu não estava entendendo e hoje já não aceitaria. Ele fez questão de falar isso porque queria me prejudicar lá na frente, dizendo que não era para eu prestar contas.
Mas o senhor concordou com isso.
Concordei por maneira de dizer, não estava nem entendendo.
Esse dinheiro seria usado para a sua campanha?
Por causa das conversas sobre a empresa dele, ele se ofereceu para ajudar na minha campanha. Mas não tinha saído nada, mas fui assim mesmo. E ele já estava premeditado. Fui vítima e ainda perdi a eleição.
Como ele usou essas ameaças?
Nas campanhas a gente tinha notícia. Em 2004, por exemplo, disseram que ele apresentou isso em um bairro da cidade [Anápolis]. Em 2010, muitas pessoas disseram que ele ia mostrar um vídeo sobre um deputado do PT, para me intimidar. Era um instrumento valioso de ameaça, igual agora. Ele ameaçava divulgar para todos.
Mas isso te preocupou na época. Agora isso não vai mais criar problemas, inclusive em relação ao partido, em âmbito nacional?
Na época, não só preocupou, mas criou problemas, dúvidas. Foi um problema sério. Estou tranquilo agora, com a consciência tranquila, porque não fiz irregularidades. Estou à disposição de todos que quiserem falar sobre o assunto: imprensa, partido, na Câmara, todos. Estou aliviado porque não tem mais nenhuma ameaça.
 Fonte: Jornal Opção, Goiânia

0 comentários:

Postar um comentário