quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Escolas do grupo de acesso levantam o público


Escolas do grupo de acesso levantam o público

  • No primeiro dia de desfiles das escolas de samba do grupo de acesso do carnaval do DF, agremiações fizeram o público sambar e se encantar com carros alegóricos e fantasias ousadas

  • Foto: Jeová Rodrigues
    A passagem da realeza de Momo na avenida e os fogos de artifício indicavam o início de mais uma noite de desfiles no Ceilambódromo, nesse domingo (19). Na concentração, a primeira escola de samba do grupo de acesso aguardava o momento de mostrar aos jurados e ao público que está preparada para ocupar um lugar no grupo especial em 2013.

    Ao som do cavaquinho e com o enredo Alô, alô, me mande uma mensagem, por favor, o Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos da Vila Paranoá abriu o primeiro dia de disputa da segunda divisão do Carnaval de Brasília. Cores vibrantes e fantasias repletas de brilho foram marcas registradas da escola, que narrou a evolução da comunicação desde a pré-história até os dias de hoje.



    Uma verdadeira viagem no tempo invadiu os espaços da avenida, começando com mensageiros reais e passando pela troca de mensagens na idade da pedra, na China e no Egito, até chegar à era digital, em que a troca de informações é instantânea e global. A agremiação saiu com dois carros alegóricos e 384 integrantes.


    Ao final da apresentação, o vice-presidente da Vila, ainda sem fôlego, classificou a passagem da escola como um exemplo de garra. “Foi o desfile da superação. Tivemos desencontro de fantasias, alguns dos nossos ônibus se perderam. Mas entramos, cumprimos nossos objetivos e creio que agradamos a todos”, disse Davi Santos.

    Reverência às mulheres – A segunda escola do domingo foi o Grêmio Recreativo e Cultural Projeto Colibri, de São Sebastião. A comissão de frente era formada por homens, que, usando calças cintilantes e adereços que lembravam o pássaro que dá nome à escola, faziam uma coreografia em reverência à mulher brasileira, homenageada no enredo deste ano.



    Mulheres comuns, famosas, que fizeram ou seguem fazendo história, foram cantadas no samba que animou a plateia. Maria Bonita, Anita Garibaldi, Cora Coralina e Dilma Rousseff foram algumas das personalidades celebradas. Até personagem de novela ganhou uma ala, com integrantes vestidas de Pereirão – personagem que faz consertos em geral, vivido pela atriz Lilia Cabral. Em outra ala, mulheres catadoras de lixo distribuíam sorrisos.


    A previsão era de que 800 pessoas desfilassem na escola, que teve problemas com a quebra de ônibus e entrou com 467 integrantes. O presidente do Projeto Colibri, Milton Lemos, destacou o empenho da escola na preparação do desfile. “Mesmo com os problemas, que acontecem, desfilamos com um número alto de integrantes e entramos com quatro carros alegóricos, tudo dentro do tempo. Se nós fazemos isso com duas semanas, imagina o que vamos fazer com dois meses?”, indagou o dirigente, referindo-se à antecipação da liberação de verbas para o Carnaval, que será possível a partir de 2013 com a Lei do Carnaval (nº 4738), sancionada em dezembro do ano passado pelo governador Agnelo Queiroz.

    Educação, ontem e hoje – Novos fogos de artifício (que estouravam a cada agremiação que entrava) anunciaram a chegada do Grêmio Recreativo Escola de Samba Império do Cerrado (Império do Guará). O enredo Educação, escola de A a Z contou no Ceilambódromo a trajetória dos estudos desde o jardim da infância à faculdade, exaltando a internet e lembrando histórias infantis como o Menino Maluquinho e o Sítio do Pica-pau Amarelo.



    Em uma das alas, pequenas Emílias e Viscondes de Sabugosa lembraram a história criada por Monteiro Lobato, homenageado no último dos três carros alegóricos da Império. A presença de um casal de mestre-sala e porta-bandeira-mirim chamou a atenção, assim como a diversão dos 380 integrantes da escola, que continuou na dispersão.


    “Nossa escola desfilou animada do início ao fim. Não deixamos espaços vazios na avenida e o mais importante: transmitimos ao público a importância da educação. Viemos para ganhar”, avisou o vice-presidente da escola, José Maria de Castro.

    O amor e o coração – Encerrando o primeiro dia de desfiles do grupo de acesso, a Associação Carnavalesca Recreativa e Cultural Acadêmicos de Santa Maria falou de amor ao cantar o enredo Coração, a vida que se faz viva. Os 500 componentes da agremiação transmitiram ao público a história do coração, fonte de vida que provoca emoções e sentimentos quando ouvimos uma música ou nos apaixonamos, por exemplo.



    O carro abre-alas se destacou pelos recursos de movimento. Um grande coração abria e fechava enquanto uma coruja – símbolo da sabedoria – aparecia por entre a abertura. Outro carro alegórico encantou a todos com um cupido gigante e sua flecha empunhada.


    Se despedindo do carnaval brasiliense, o presidente da Acadêmicos de Santa Maria, Cícero Justino dos Santos, falou do potencial da festa em Brasília. “O Carnaval daqui é muito forte. E vai melhorar com a parceria com o GDF no ano que vem. O que posso dizer do nosso desfile é que demos o nosso melhor. Foi com muito sacrifício, mas chegamos”, contou o presidente.

    Festa bonita – A plateia, que no início da noite era de 6 mil pessoas, aos poucos encheu as arquibancadas do Ceilambódromo. De acordo com a Polícia Militar, cerca de 8 mil pessoas participaram da festa nesse domingo. Apesar do número elevado de pessoas, a PM não registrou nenhuma ocorrência. Apenas o Corpo de Bombeiros atendeu a oito ocorrências, sendo três por quedas de integrantes das escolas e cinco por excessos no consumo de álcool.

    Foto: Jeová Rodrigues

    Maxiliano afirmou que recomendaria a festa a outras famílias. “Quando as escolas entram, nós levantamos e damos uma sambadinha. O que mais está chamando nossa atenção são os carros alegóricos, não é filho?”, ressaltou o porteiro, voltando-se para Maxwel.


    Os estudantes Nathália de Oliveira, 26 anos, e Gabriel Delfino, 17 anos, também tiveram suas primeiras experiências no Ceilambódromo nesse domingo. Nathália foi à festa especialmente para assistir ao desfile da Acadêmicos de Santa Maria. “Meu namorado toca cavaquinho na escola. Estou gostando da festa, pois tem segurança e os carros alegóricos estão muito bonitos”, destacou.

    “Está tudo muito bonito. As letras das músicas, os carros, as fantasias”, complementou Gabriel. Ao ser perguntado se virá à festa no ano que vem o estudante não pensou duas vezes: “Sim!”, respondeu, sorrindo.

    Samba e limpeza – Sem pompa, alegorias ou bateria, um grupo de desfilantes chamava a atenção no final de cada apresentação no Ceilambódromo. Eram os garis, responsáveis por preparar a avenida para a entrada das escolas. Animado, o grupo sambava e fazia coreografias no ritmo das vassouras e carrinhos de lixo.



    “É tudo no improviso!”, revelou Michele Queiroz, de 19 anos. “Nós entramos e vamos fazendo os passos na hora”, explicou Heloneide Ferreira, de 41. As funcionárias moram em Ceilândia e todos os anos participam dos quatro dias de folia no Ceilambódromo. “É cansativo, mas é muito bom. O serviço fica mais divertido”, comentou Michele. E o público corresponde, interagindo com o grupo do início ao fim da avenida. “Ah, achamos muito legal! Eles dançam com a gente e sempre nos aplaudem”, finalizou Heloneide.


    Grupo de acesso – Nenhuma das quatro escolas que desfilaram no domingo ultrapassou o tempo máximo, de 50 minutos, para atravessar a passarela do samba em Ceilândia. Nesta segunda-feira (20), outras cinco escolas se apresentarão pelo grupo de acesso. São elas: Associação Cultural Desportiva Mocidade de Valparaíso de Goiás, Grêmio Recreativo Carnavalesco União da Vila Planalto e Lago Sul, Associação Cultural Desportiva e Recreativa Dragões de Samambaia, Associação Cultural e Recreativa Escola de Samba Candangos do Bandeirante e Associação Recreativa Desportiva e Cultural Unidos do Recanto das Emas.

    A apuração do resultado dos desfiles do grupo de acesso está prevista para quarta-feira de cinzas (22). As escolas serão avaliadas em nove itens, sendo eles “fantasia”; “mestre-sala e porta-bandeira”; “conjunto e evolução”; “harmonia”; “enredo”; “samba-enredo”; “bateria”; “comissão de frente” e “alegorias e adereços”. Para garantir a transparência do julgamento dos quesitos, os 30 jurados ficam em três cabines distribuídas ao longo da avenida e contam com TVs LCD com transmissão das apresentações em tempo real.
    Foto Foto: Mary Leal 
     
    Evelin Campos, da Agência Brasília
     

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