domingo, 27 de novembro de 2011

Cômitiva desembarca em Bruxelas na expectativa da Universíade 2017 Governador Agnelo Queiroz desembarca hoje em Bruxelas, na Bélgica, onde terça-feira será anunciada a sede das olimpíadas universitárias de 2017. Na bagagem, a estrutura que está sendo montada para abrigar a Copa das Confederações e o Mundial de 2014

Lilian Tahan
Publicação: 27/11/2011 08:40 Atualização: 27/11/2011 08:43

A 26ª Universíade de Verão foi realizada em Shenzhen, em agosto. Para receber a competição, foram erguidos 12 ginásios na cidade chinesa (Gaoxiao/AFP - 13/8/11)
A 26ª Universíade de Verão foi realizada em Shenzhen, em agosto. Para receber a competição, foram erguidos 12 ginásios na cidade chinesa

Bruxelas (Bélgica) — Na tarde de hoje, uma comitiva com representantes do Ministério do Esporte, do governo local e de duas universidades do DF desembarca em solo europeu na expectativa de receber a notícia que pode fazer de Brasília roteiro para mais um campeonato esportivo disputado entre nações. Na próxima terça-feira, a Federação Internacional do Esporte Universitário (Fisu) vai revelar a cidade escolhida para sediar a Universíade de Verão em 2017, uma espécie de Olimpíada com atletas universitários. Será o desfecho de uma campanha iniciada em maio deste ano e que pode obrigar a cidade a evoluir para se adequar a mais um desafio depois de passar pelo teste da Copa das Confederações e do Mundial de 2014.

Brasília compete com Taipé, em Taiwan, na China. A princípio, a capital brasileira disputou a indicação para receber a Universíade com mais uma cidade, Kocaeli, na Turquia. Mas esse último oponente desistiu da disputa porque vai se oferecer para sediar as Olimpíadas em 2020. Por isso, Kocaeli deixou de apresentar o dossiê de candidatura, um documento considerado essencial, que detalha as condições de infraestrutura da cidade que pretende abrigar os jogos universitários.

O governador Agnelo Queiroz esteve na China para ver de perto a estrutura organizada para os jogos (Roberto Barroso/GDF - 11/8/11)
O governador Agnelo Queiroz esteve na China para ver de perto a estrutura organizada para os jogos

A comitiva brasileira chega com a expectativa de vencer, mas sabendo que enfrenta um forte concorrente. Medir força com cidades chinesas é a certeza de que a competição será nivelada por cima. Não por acaso, das 51 edições da Universíade — entre competições de verão e de inverno —, 10 foram realizadas na Ásia.

Em agosto, as autoridades brasileiras tiveram a chance de ver de perto os chineses na qualidade de anfitriões. A 26ª Universíade de Verão foi realizada em Shenzhen, a uma hora de Hong Kong. Para receber os jogos universitários, foram erguidos 12 ginásios. Além disso, a administração de Shenzhen construiu um estádio com capacidade para 60 mil pessoas, uma arena para outras 18 mil e ainda um parque com 13,4 quilômetros quadrados.

Da estrutura para os competidores ao conforto para os espectadores, os chineses não economizaram. Na arena, as cadeiras eram de couro e tinham ventilação individual. A apresentação dos jogos reuniu shows dignos das aberturas de Olimpíadas.

A logística de mobilidade de atletas e turistas foi outro foco das autoridades chinesas, que investiram pesadamente na ampliação do sistema de metrô da cidade para atender os 10 mil competidores, além de suas delegações. “Competir com um país que faz parte dos tigres (asiáticos) já nos exige respeito, por tudo o que representam no mundo. Eles têm muito dinheiro para criar condições extraordinárias, por isso o desafio de Brasília é enorme”, diz o secretário de Esporte no DF, Célio René, um dos que compõem o grupo brasileiro em Bruxelas.

O governador Agnelo Queiroz (PT) liderará a comitiva do GDF, que ainda terá como integrantes do governo local os secretários de Turismo, Luís Otávio Neves, e de Comunicação, Samanta Sallum. O Ministério do Esporte informou que haveria pelo menos um representante da pasta em Bruxelas, mas até a última sexta-feira não confirmava o nome do gestor. Na semana passada, o próprio ministro Aldo Rebelo (PCdoB-SP) chegou a cogitar a ida para a Bélgica, mas desistiu da viagem.

Estrutura
A disputa pode ser apertada, mas representantes do governo asseguram que a capital brasileira está preparada para o desafio. O maior deles é convencer o comitê executivo da Federação Internacional do Esporte Universitário que até 2017 haverá infraestrutura adequada para receber os atletas de ponta que competem em, pelo menos, duas dúzias de modalidades esportivas obrigatórias, como atletismo, basquete, esgrima, futebol, ginástica artística, rítmica, judô, polo aquático, além de uma variedade de práticas opcionais como aeróbica, badminton, ciclismo, golfe, tiro com arco, remo, vela.

Um dos argumentos mais fortes da candidatura brasileira para trazer os jogos universitários a Brasília é que a competição ocorrerá na esteira de outros campeonatos de peso, como a Copa das Confederações — Brasília foi escolhida para a abertura desse evento — e o Mundial da Fifa, em 2014. Portanto, a cidade estaria, em grande parte, preparada para receber os jogos universitários.

Quando esteve na China para a abertura dos jogos de Shenzhen, Agnelo repetiu aos dirigentes da Fisu que 80% das instalações necessárias para o campeonato entre universidades viriam do esforço concentrado para os eventos que vão anteceder a Universíade. Isso inclui, segundo defende a candidatura oficial, as intervenções no sistema de transporte, de hotelaria e propriamente nos espaços para abrigar as disputas.

O aparato para a Copa do Mundo pode ser um componente de peso, mas não é tudo. Em outubro, uma equipe com três técnicos da Fisu esteve em Brasília por quatro dias. No período, os inspetores visitaram pontos estratégicos na capital para checar as condições de a cidade receber a Universíade daqui a cinco anos. Do aeroporto, a equipe passou pelos ministérios do Esporte e da Educação, visitou o Palácio do Buriti, o complexo esportivo no Estádio Nacional, o Parque da Cidade o Centro Olímpico (CO) da Universidade de Brasília (UnB).

Uma das impressões que os representantes da Fisu tiveram sobre Brasília conta a favor da candidatura brasileira. Eles ficaram impressionados com a capacidade de locomoção na cidade de ruas largas — obviamente não enfrentaram o horário de rush. Gostaram de saber que os pontos de deslocamento entre os endereços onde eventualmente vão ocorrer os jogos ficam perto uns dos outros.

Em cinco minutos é possível sair do Parque da Cidade e chegar ao Estádio Nacional e também um pulo de lá até o Lago Paranoá, onde são realizadas as competições de remo e vela, por exemplo. Um diferencial para cidades como Guadalajara, no México, onde atletas que participaram do Pan-americano precisavam viajar 400km para as competições na água.

Mas os inspetores da Fisu fizeram ressalvas para a escolha de Brasília como sede da Universíade de 2017. A maior preocupação dos técnicos é se a cidade terá praças esportivas compatíveis com o nível das competições, com piscinas, pistas de atletismo e tatames de porte olímpico. Quando estiveram aqui, os inspetores não se contentaram, por exemplo, com as instalações do Centro Olímpico (CO) da UnB.

Como em uma campanha política, na capital da Bélgica, as autoridades locais vão ter de convencer o comitê da Fisu que estão dispostas a investir o que for necessário para nos próximos cinco anos colocar Brasília em condições de receber atletas de ponta.

Agenda
A próxima Universíade de verão, em 2013, ocorrerá em Cazã, na Rússia. Em seguida, será a vez de Gwangju, na Coreia do Sul, sediar o evento. As edições de inverno ocorrerão em Maribor, na Eslovênia, e depois em Granada, na Espanha.

Comitiva
Dois representantes da Universidade de Brasília — o decano de administração, Eduardo Raupp, e o chefe do Centro Olímpico da UnB, André Reis — vão viajar à Bélgica para acompanhar o anúncio da cidade que sediará a Universíade em 2017. Também está na comitiva o reitor do UniCeub, Getúlio Américo Moreira Lopes. Caso Brasília seja escolhida para abrigar os jogos universitários, as instituições terão importante envolvimento no preparo de atletas e de estrutura para o evento.

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